terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Realidade Paralela

Eu tenho certeza, que quando tudo piorar, é com você que eu quero estar.
Artur não sabia o que falar, estava deslumbrado com alguma coisa, e eu não sabia o porquê de ele olhar tão fixamente para mim. "O que foi Artur? Tem alguma coisa errada comigo, eu tenho certeza que eu fiz tudo certo, o vestido combinando com os sapatos, a bolsa... tudo! A moça da loja disse que eu estava bonita, acho que ela estava mentindo. Artur? Ok, eu não vou nesse baile e..." Ele correu até mim e eu me assustei com a rapidez que ele colocou a  mão sobre minha boca. "Você está linda, Alice. Tudo está tão perfeito que eu acho que não pode ser real. TEM que ser real. (ele riu de leve) Você é linda, a minha linda. Não tem motivos para estar tão nervosa. (ele sorriu e beijou a ruguinha de preocupação que estava se formando na minha testa)"
Às vezes eu penso como o tempo passou neste último ano, todas as coisas se passaram tão rápido! A escola, eu conhecendo o Artur, o Jardim Secreto e todas as maravilhas que havia lá dentro: Era um mundo só dele, e que neste ano, virou só nosso. Uma realidade que só a gente sabia que existia, as flores e os riachos, os passarinhos, a nossa cabana com balanços brancos e bancos azuis, das cores dos passarinhos que lá habitavam.
A vida não parava de me surpreender, cada vez mais. E era tudo tão real, tão conto de fadas que não podia ser daquele jeito. *Ô boca minha, ein.* E não foi, a mãe do Artur morreu em um acidente de carro, um caminhão, motorista bêbado dormiu na direção, perdeu o controle e foi parar em cima do carro dela. O Artur ficou tão triste, que até as flores do nosso jardim murcharam, o riacho secou e os balanços ficaram desbotados e não embalavam mais.
E chegou, a última vez que vou entrar na minha escola, o baile, tão esperado por meninas loiras parecendo Barbies, e tão odiado por mim, não eu não soubesse dançar ou coisa parecida, eu sabia e muito bem *tive aulas*, só acho muito falso, sem graça sem nexo. Artur fez questão que eu fosse. Último dia, depois seria só nós e o nosso Jardim.
"Tem como ser pior?" (ele riu) "O que? O baile? Alice, é a última vez que você vai pôr o pé naquela escola, e depois não vai ter mais, depois vai ser nós dois para o resto de nossas vidas, até nós morrermos, ok? Faz isso por mim, vai?" "Só você mesmo pra me convencer de algo que eu evitei por anos (eu ri)" *Ai, droga!  Era engraçado eu naquele vestido emplumado, que saco!* (eu ri dos próprios pensamento) Artur já estava acostumado com isso, pode ser até que ele saiba quais eram os meus pensamentos. "Eu te amo (ele sussurrou em meu ouvido)" "Eu te amo mais (eu ri)"
E nós saímos porta afora, com todas as angústias, com todos os meus pensamentos mau humorados e com tudo que a gente tinha direito, porque essa seria a primeira noite da minha vida inteira.

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